VERSOS  AZUIS E MOLHADOS

(Sócrates Di Lima)

 

Lavei a face com as lágrimas da minha insensatez,

Enxuguei o corpo com a toalha da minha lucidez.,

Perfumei-me com aromas da minha maluquez,

E peguei a estrada da saudade mais uma vez.

 

Debrucei no para-peito da minha realidade,

Fitei o horizonte num olhar perdido.,

Senti no rosto o cheiro da saudade,

No perfume do amor envelhecido.

 

Traguei um gole de cachaça de Salinas,

Que desceu queimando como fogo morro acima.,

Bebida da saudade que rasgou minhas cortinas,

E me trouxe alucinógenas vontades de voar aqui de cima.

 

Mas, lembrei-me que não sou pássaro,

E que tão rápido desceria ao chão.,

Recuei-me num ímpeto, não tinha nenhum preparo,

Para ser mártir das coisas do coração.

 

Então, peguei caneta e papel,

Sentei-me á beira da janela.,

Rabisquei versos a granel,

Como se fossem pedaços de flanela.

 

Fui juntando um a um,

E percebi que tudo que escrevi tinha identidade.,

Tinham tantas coisas em comum,

Todos eles falavam de uma certa saudade.

 

Ao final percebi que tinha chorado,

E as águas que jorraram pelo rosto.,

Fizeram-me sentir aliviado,

Que eram versos para Basilissa que fazia com gosto.

 

E sobre páginas de um livro qualquer,

Palavras com sentidos claros e ordenados.,

Fizeram um poema do jeito que meu desejo quer,

São gotas de saudade azul em versos molhados.,

Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 08/11/2010
Reeditado em 03/12/2010
Código do texto: T2604479
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