INFÂNCIA

Do tempo de criança só ficou saudade

e nacos de esperança que a infância traz.

O aroma doce e virgem da manhã raiada

O vento em meu rosto e toda a passarada

cabelo em desalinho ,eu tinha o pé na estrada

tinha fruta no pé, flores, canaviais.

O meu pai na batalha pra educar os filhos.

A mãe, casa e cozinha ou costurando em paz.

A velha melodia que inda bem conheço

nas noites de verão o violão, o apreço

seriam laços fortes desfazendo o avesso

o desatar de tudo que a idade faz.

O fio da meada trouxe um estranho canto.

Pelo vazio em mim estou despida e só.

Saliva o meu orgulho fustigando a sorte

distante e a deriva debandou meu norte

Ao descerrar ao sonho e fugir da morte

cessa o fluir do tempo e tudo vira pó.

Passou o tempo

Calou o violão.

Todo o sentimento

Da vida me restaram pucos fragmentos

Sou um potro galopando a minha

solidão.

Marilia Abduani

Marilia Abduani
Enviado por Marilia Abduani em 06/11/2010
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