Insanidade Perfumada

(Sócrates Di Lima)

 

A noite deita-se sob meus olhos cansados,
Talvez seja hora de dormir.,
E não irei sem antes juntar travesseiros separados,
Para a minha última fragrância sentir.

Um ritual quase indescritivel,
Abrir o guarda-roupas bem devagar.,
Pegar na gaveta uma lembrança inesquecível,
Que faz minha saudade embriagar.

Envolvo os travesseiros neste odor,
Como se ali ela estivesse em sentinela.,
É como se derramado todo meu amor,
Sobre uma cama vazia, vista da janela.

E a fragrância em vidros toma conta de mim,
As lembranças são fios de navalhas afiadas.,
Corta minha carne sem que eu ache ruim,
Jorrando a saudade pelas veias bisturizadas.

 

O vidro de perfume aberto penetra minha alma que cede,

Como uma incisão na carne nua.,

Por onde infiltra a saudade rebelde,

E que sem dor, no corpo todo atua.

 

Então, em silêncio  me deito como quem se deita no amor,

Na mente a imagem que não se apaga.,

No coração a vontade de voar como um sonhador,

E lá ao longe, sentir esta fragrância que tanto me afaga.

E ao findar da noite que me toma,
Talvez a procure na madrugada.,
Pois comigo dorme a saudade de Basilissa com aroma,
Nesta minha insanidade perfumada.



Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 06/11/2010
Reeditado em 03/12/2010
Código do texto: T2599357
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