TIA NANINHA
Bem pequenina,
E tão fragilzinha,
Sempre encolhida,
Era a Tia Naninha.
Encostada ao fogão,
Com as mãos bem quentinhas,
_"Vem, minha nêga,
Pega a canequinha".
No bule o café,
Na chaleira, a água quentinha,
E chamas que ardiam,
De lenha sequinha.
Minúsculas panelas,
Arroz bem branquinho,
Farinha de milho,
Molhada e torrada,
Pela Tia Naninha.
É hora de ir embora...
_"Vai não, minha nêga,
Fica mais um pouquinho,
Vou fazer café doce,
E bem gostosinho.
Amanhã você vorta,
Se a "Ceição" não se importa,
Pra ir comigo na roça,
Visitar a irmã Dina.
E já no caminho,
Da casa da Dina.
_Tarde seu moço!
_Tarde Naninha!
Caminho de terra,
E mata verdinha,
Protegia-nos do sol,
Colorida sombrinha.
E nos meus dez aninhos,
Franzina, magrinha,
Eu era ainda maior,
Do que a Tia Naninha.
Cresci... fui embora...
Pra uma terra não minha,
Deixei lá atrás,
Pra não ver nunca mais,
Minha Tia Naninha.
(Era a Tia Ana, uma figurinha muito especial em minha infância. Que saudades!) (Ceicão ea como a Tia chamava minha mãe, que tem hoje 84 anos).