PORTO SOLIDÃO
Balouçar das ondas
barcos à beira do cais.
Angústias profundas, saudades
dos tempos da mocidade,
na pátria,que não verei jamais.
Olho as nuvens no horizonte
perdendo-se na imensidão do mar.
Eis-me desterrado neste ermo,
a vida chegando ao termo
sem poder,à pátria voltar.
Murmúrios do vento parecem
Vozes, dos que lá deixei.
No torrão saudoso e distante,
onde deixei confiante
meu lar, e não mais voltei.
As ondas beijando o porto
lembram-me os beijos de minha amada.
Aquele rosto meigo e querido
também no tempo ficou esquecido,
fragmentos de uma época dourada.
Vento enfunando as velas,
velas, vento e o mar.
Um conjunto em que a natureza
marcou em minhas tristezas,
Para o meu coração castigar.
Neste porto a solidão
é minha companheira fiel.
Brinda comigo na mesma taça,
fazendo-me sorver de graça
espumante e amargo fel.
Cai a tarde e o exilado
vai-se de volta para o nada.
E o cais marca mais uma história,
a batalha sempre inglória,
de uma alma desterrada.