Flores de saudade

Há um laço antigo unindo duas pontas

de uma mesma história: a menina

de outrora, flor desabrochada no riso,

e a mulher que hoje perpassa meu

caminho, trilhando ainda versos

adversos, colhendo das frases

frutos-poemas.

O tempo veste de silêncio uma

alma que chora, e no barulho incessante

do relógio tece seu discurso solene

e poético, entremeado de dor e sofrimento.

A Poetisa lê a narrativa sobre

Ricardo Reis e seu pensamento recai

em um outro Ricardo que

não fora em sua vida um

“coração de leão”, mas considerava-se

tal qual essa mesma fera.

Agora, melhor deixar aflorar

apenas o Ricardo de Pessoa,

que diz: “sábio é o que se

contenta com o espetáculo do mundo”.

Cá, na realidade fria dos fatos,

prefiro deixar entre as

páginas do velho livro

algumas pétalas das

flores de saudade.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 04/10/2010
Código do texto: T2537368
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