Flores de saudade
Há um laço antigo unindo duas pontas
de uma mesma história: a menina
de outrora, flor desabrochada no riso,
e a mulher que hoje perpassa meu
caminho, trilhando ainda versos
adversos, colhendo das frases
frutos-poemas.
O tempo veste de silêncio uma
alma que chora, e no barulho incessante
do relógio tece seu discurso solene
e poético, entremeado de dor e sofrimento.
A Poetisa lê a narrativa sobre
Ricardo Reis e seu pensamento recai
em um outro Ricardo que
não fora em sua vida um
“coração de leão”, mas considerava-se
tal qual essa mesma fera.
Agora, melhor deixar aflorar
apenas o Ricardo de Pessoa,
que diz: “sábio é o que se
contenta com o espetáculo do mundo”.
Cá, na realidade fria dos fatos,
prefiro deixar entre as
páginas do velho livro
algumas pétalas das
flores de saudade.