Ocaso de paixões... 

                                         Oriza Martins

Eu tive uma existência 
De casos fatais...
Sorri, cantei, dancei, 
fiz amor na relva...
Em insanos êxtases 
Me  evaporei,
Disputei amores 
Qual fera na selva...

Vivi cada dia 
Como o derradeiro,
Pisei corações, 
Fui inconseqüente...
E nessa frenética 
E louca jornada
Distribuí prazeres... 
Generosamente...

Noitadas infindas 
Me alucinavam,
Variadas gamas 
De felicidade...
Momentos incríveis 
Que eu - só - agora,
Busco vislumbrar 
Nas luzes da saudade... 

Arrependimentos?... 
São muitos e poucos,
Delícias gozei, 
chorei e sofri...
Leal, infiel, 
amei, desamei,
Mas só me arrependo 
do que não vivi...

De cabelos brancos, 
Vejo nas lembranças,
Que as paixões, 
Embora cheguem ao ocaso,
Deixam na memória 
O sutil aroma
De cada instante... 
Cada intenso caso...

Se esgotei meu ser 
Neste picadeiro
Que é a própria vida 
- circo de ilusões -,
Neste meu outono, 
A solidão compenso
Com a companhia 
Das recordações...

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