Gelo e Sal
No mar revolto
Em poeira sonolenta...
Flutua o frágil,
Barquinho confiante.
Já fatigado...
De maresias e ondas,
Deixa embalar-se
Numa valsa triste.
Como uma gaivota,
Tão serena e ágil...
Canta os loucos
sons famigerados.
Sentença vil e desmistificada...
Na simbiose da fabulosa névoa.
Tal qual a Roma, o destruído Império
Foste o amor por ti guarnecido.
Tantos fetiches... tantos sortilégios...
Espera insana! Difere à Penélope.
Pontos contados tecem o bordado,
Prováveis laços soltos na ruína.
Contínua, atroz, gotejante e lânguida...
Foste um dia a dinâmica fluência.
Petrificado, o transparente líquido...
Já nem entende a melancolia
Doces lembranças...
Hoje gelo e sal.