Gelo e Sal

No mar revolto

Em poeira sonolenta...

Flutua o frágil,

Barquinho confiante.

Já fatigado...

De maresias e ondas,

Deixa embalar-se

Numa valsa triste.

Como uma gaivota,

Tão serena e ágil...

Canta os loucos

sons famigerados.

Sentença vil e desmistificada...

Na simbiose da fabulosa névoa.

Tal qual a Roma, o destruído Império

Foste o amor por ti guarnecido.

Tantos fetiches... tantos sortilégios...

Espera insana! Difere à Penélope.

Pontos contados tecem o bordado,

Prováveis laços soltos na ruína.

Contínua, atroz, gotejante e lânguida...

Foste um dia a dinâmica fluência.

Petrificado, o transparente líquido...

Já nem entende a melancolia

Doces lembranças...

Hoje gelo e sal.

Gabriella Leite
Enviado por Gabriella Leite em 22/09/2010
Código do texto: T2513837
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