Apenas a sua voz
Senti saudade enorme e precisava ouvi-lo
Mas chegou em silêncio, e sua imagem sorria
Claramente triste, embora sorrisse
Tentei escrever coisas banais, falar de amor
Nada demais, mas não pude
Pintou o desencanto, o pranto
Agora sinto a plenitude da sua canção: “Talvez sim, talvez não”
Falava de incertezas, mas havia tênue esperança
Falava da brisa e do crepúsculo, do sol frio...
Queria fazer apenas um dístico ou uma quadrinha, se tanto
A sua voz ainda reverbera em mim
Como um manto que o libertou para me aprisionar
A cama se enche de lembranças, meus filhos dormem
Daqui a pouco é manhã, mais uma. Meu lar está em paz; eu não.
Em meu coração uma poesia molhada
Estou sufocado, e ela não floresce
sei que não tem rima
tem labirintos