SAUDADE DE MIM MESMA
Saudade de mim mesma
Numa busca incessante
De mim mesma
Me faço indagações
Que não querem calar
Em qual momento
Da minha vida deixei
De ser eu mesma?
Por onde deixei o
Brilho do meu olhar
Dantes tão cheio de luz?
Cadê aquela Zair Batalha
Tão forte e cheia de vida
Por onde larguei
Meus sorrisos
Tão francos e alegres?
Olho pra trás
Na tentativa de reencontrar
Aquele ser humano
Que era simplesmente
HUMANO
E do qual hoje
Só resta uma fagulha
Do que foi um dia
Onde foi que me perdi?
Cadê aquela certeza
Que eu tinha do que
Queria e do que sentia?
Onde foi que perdi
Aquela FÉ tão grande
E superior a tudo e a todos
Onde foi que deixei
Os meus sonhos e esperança
De dias melhores
Cadê aquela pessoa
TOTALMENTE CONFIÁVEL
Que tinha orgulho
De bater no peito
E dizer que era sempre
Muito franca e verdadeira
Por onde anda aquela
Capacidade de confiar
Nas pessoas e que hoje
Não existe mais
A não ser como uma
Vaga lembrança do
Que é conseguir CONFIAR
Por onde anda aquela
Mulher que, diante dos
Percalços buscava
No evangelho a resposta
Para suas dores e que
As encontrava?
Em que parte do caminho
Deixei cair por terra
Aquele coração puro
Que era capaz de perdoar
Qualquer ofensa passando
Por cima do próprio
Amor próprio
Procuro lá atrás no passado
Uma resquícia do que
Um dia eu fui e não
Consigo enxergar senão
Destroços jogados
Pelo caminho
Somente percebo que,
Todas as vezes que tive
Que juntar os pedaços
Algum, ficou pra trás
Esquecido pelo caminho
Escondido debaixo
De alguma lágrima escorrida
E mesmo lutando,
Ainda sem saber se
Quero mesmo voltar
A ser o que eu era antes
Não consigo restaurar
A parte morta de mim
Não me cabe mais
A parte do perdão
Porque tudo é um grande vazio
E as indagações continuam
Me assombrando
Dia após dia
Como quem pergunta
A si mesmo:
ONDE ESTÁ VOCÊ
QUEM É VOCÊ
Novo ser renascido
Das cinzas, porém
Com partes fundamentais
Totalmente destruídas
Por onde está aquele
Abraço tão terno
Que havia escondido
Nos meus braços
Por onde anda
Aquele carinho que
Eu tinha por todas
As pessoas independente
De quem fosse?
Em parte do caminho
Deixei cair no chão
A misericórdia pelos
Sofredores, que me arrancava
Lágrimas de compaixão?
Onde foi que perdi
A capacidade de me levantar
Cada vez mais forte
De cada queda e que
Agora só me enfraquece
Os gestos de carinho
Pelos amigos
A capacidade de ouvir
E de falar sempre
No momento certo
Onde aquelas as palavras
Certas que eu sempre tive
Nos momentos certos
Para todos os que me
Buscavam sedentos
Do apoio que
SOMENTE EU tinha
A capacidade de ofertar
Por onde anda aquela
Capacidade de alentar
Os que choravam
E enxugar suas lágrimas
De dor incomensurável
Onde está aquela coragem
Que eu tinha de enfrentar
Fosse o que fosse
Sem temer a nada
Na certeza de que
EU ERA CAPAZ
DE VENCER
Em que momento
Deixei de ser
Aquele ser iluminado
Que tinha LUZ PRÓPRIA
E que por onde passava
Irradiava todo o resplendor
De uma energia acima
Do mal que pudesse
Me assolar
Cadê aquela capacidade
De me colocar
“fora” das situações
E analisar os fatos
Com a inteligência que
somente os sábios
podem fazer para
só então tomar
as decisões corretas
que caminho foi esse
que tomei que me deixou
tão vulnerável e incapaz
de discernir o certo
do errado
me levando a não
enxergar mais nada
REALMENTE IMPORTANTE
Por onde anda
A paz interior que
Eu sentia tão presente
Em minha vida
E que agora é
Somente uma lembrança
De dias que se foram
E que não voltam mais
E nessa luta interior
Onde vejo dentro
De mim, dois seres distintos
Onde um, quer a paz
E o outro quer a guerra
E todas essas indagações
Só me fazem cada
Vez mais, sentir
SAUDADE DE MIM MESMA
Zair Batalha