O Flautista

Ele veio assim, do nada,

sem dizer palavra alguma

sua flauta qual espada

de seu cinto ele tirou.

Soprou nela uma cantiga

de toada tão singela:

qual cavalos dum auriga

ratos mil enfeitiçou.

Seu serviço terminado

me pediu u'a recompensa,

o salário combinado

dar a ele me neguei.

Ele, pasmo e furibundo,

despediu-se formalmente,

desapareceu no mundo

e levou quem mais amei.

Ai, se acaso eu lhe tivesse

respeitado tal convém

eu lhe imploraria em prece

que me devolvesse o amor...

E é a vida qual flautista:

sem respaldo, não amada,

se enfurece, nos conquista,

tira a sorte e deixa a dor.

Marcel Gustavo Alvarenga
Enviado por Marcel Gustavo Alvarenga em 03/09/2010
Reeditado em 03/09/2010
Código do texto: T2476358
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