VELHA E NOVA FONTE NOVA...
Fosse domingo ou na quarta,
com a “flag-tricolor” empunhada,
de lá de casa, no antigo Tororó,
numa paletada só...
pra Fonte Nova eu seguia
com o povão que se movia
azul, vermelho e branco – BAHÊA!
Bandeira e camisa "BAMOR"...
pois, todo amor tem sua prova
e eu devoto amor de sobra
à Fonte Nova e ao Bahia!
E mais cedo do que se pense
o povo assistia sem medo
e em suspense, o bailado tricolor,
com toda folia e folguedo
e o grito solto na garganta!
BAHÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊAAAAA!
Também havia o Ypiranga,
Galícia, Vitória, Leônico,
Guarani, Botafogo e um biônico
que bailavam com a charanga
da torcida tricolor!...
“Minduisssss” torrado!!!...
(A mãe de Luiz tá borrada...)
e o rolete de cana molhada...
pipoca e sorvete artesanal
(aquele que nunca fez mal!)
Que se nos lembram, ainda encantam!
Na Fonte Nova, conquistas tantas
e a gente chora, ao lembrar essa glória
e os ídolos da nossa memória:
Carlito, Sanphillipo, Douglas e Picolé,
Marito, Biriba, Baiaco, Butice, Bobô, Leguelé...
Charles, Jorge Vagner, Jésum, Nadinho, Daniel (o Alves),
Carlinhos (o Gonçalves), Jael e André (o Catimba)...
Osni, Mário Sérgio, Afonsinho e Zé Hugo, pois é, tanta ginga!...
E o torcedor encantado tirava o chapéu!
Relatar outros tantos nomes
em poucos versos, não dá pé...
mas também na Fonte Nova
reinaram Garrincha e Pelé...
muitos outros inesquecíveis,
jogadores e "boleiros"
com seus talentos incríveis...
sem esquecer de lembrar:
Bahia - Bi-Campeão Brasileiro!...
Pro país ter de engolir e amargar
e só a nação tricolor a gargalhar!
O lado esquerdo da ferradura
a torcida ferrenha em fissura
gritava: "vambora", Bahia, "umbora", Marito!
e o diabo-louro de jeito esquisito
levantava de uma rasteira,
que parecia golpe de capoeira,
roubava a bola faceira
e cruzava pro Beijoca marcar
um belo e cheio de graça,
um gol de cabeça e de placa!
E de todo artilheiro de raça...
E a fonte Nova vibrava,
(eh chalaça!... eh chalaça!...)
Estremecia, gritava...
“vambora bahêêê”, Bahia!
80% do povo na Bahia é Bahia...
e além da Fonte se ia
com a torcida do "Bah...ia”
e enquanto o adversário vinha
a galera tricolor, Bah... ia...
onde o time fosse jogar!
Quem viu o estádio implodindo
certamente chorou sentindo
em 6 segundos num pique,
o estádio desmoronar...
ali na frente do dique
no Dique do Tororó,
OH PAÍ, OH!... OH PAÍ, OH!
Às vistas dos Orixás...
a falta que a Fonte faz
e que o tempo passe ligeiro
pois, outra nova fonte virá...
à próxima copa do mundo e para sempre...
pro povo não implodir
nem o Brasil desabar...
Que o hexa se faça presente
como foi até aqui com o penta,
matando a saudade da gente,
pois alegria se cria e não se inventa
e um novo estádio como Fênix,
às renovadas histórias de glória
incrustadas na nossa memória
de um tempo espetacular!!!
Não faço alusão às tragédias,
só lembro o prazer e a comédia
do que vale a pena lembrar!
(É óbvio que o Marito
nunca jogou com o Beijoca,
mas a mente assim convoca
o desejo de pensar...
pois é nisso que eu acredito:
que o impossível é possível
pro sonho jamais acordar!...
(A FONTE É O ESTÁDIO "OFICIAL" DO BAHÊÊÊA!!!!
BAHÊÊÊÊÊÊÊÊA... O CLUBE MAIS OUSADO DO NORTE E NORDESTE DO BRASIL).
GLOSSÁRIO / ELUCIDAÇÕES:
Flag é bandeira.
Paletada, em dialeto (gíria) baianês é caminhada a pé.
BAHÊA é o jeito como a torcida brada o nome do Bahia nos estádios.
BAMOR é o nome da torcida mais organizada do Bahia.
Ferradura era o formato que o estádio tinha em alusão à boa sorte. E do lado esquerdo da ferradura se concentrava a maior parte da torcida do Bahia.
Minduisssss... é o jeito de sotaque como o vendedor de “amendoim” apregoava.
Vambora e Umbora é o modo de pronunciar abreviadamente Vamos embora!!!
Bah... ia! (Bah! - Jeito e expressão gaúcha como o Tchê!)
OH PAÍ, OH!... – Expressão em baianês (filme homônimo)