Sem Maestro

Sorriso desmanchado

Coração apertado e sem líquido

Peito abafado e sem brilho

Olhar ofuscado e borrado

Fio que escorre sem rumo

Corta a saudade

Fere olhos, ouvidos e boca

Rasga minha alma e em talhos me desloco

Desço em mim por um sentimento que acaricia e morde

Enaltece e machuca

Magnífica e destrói

Sinto que unhas me fincam a nuca

Fico em pé, mas uma perna dói

Tiras de mim balançam ao vento

Meus cabelos deslizam em sangue

Vermelhidão dos olhos sinceros e dormentes

Meu veludo está frisado

Meu cabelo embaraçado

Lábio fechado e por gotas quentes molhado

A língua se fere pelo desejo de dizer-lhe tanta coisa

A sofreguidão intensa pela vontade de estar perto

A dor pela falta do colo que foi minha rede enquanto maestrava em mim

Estou de frente pra parede numa agonia sem fim!