Sede
Não sei o porquê do plano de fundo escuro
Muro de dois lados infames e inseguros
Apuros vividos com gosto
Oposto ao calor que invadiu
Impediu o amor em conta gotas que em jatos caiu
Sumiu a imperfeição e a obscuridade
Vaidade do sentimento
Momento de ternura
Fervura no olhar e mãos sedentas e maestrais
Punhais que se transformaram em algodão
Coração em taquicardia que foi acolhido por uma cortina
Felina foi a juba de cachos cheios de peculiaridade
Felicidade sentir-me nele enquanto respirava fundo
Mundo cheio de emoção e armadilhas
Forquilhas que nos mostram o quanto o pescoço é fino
Pino oculto nos olhos que aos poucos cega
Nega o que ouve mas ainda assim sente
Mente ao negar e é verdadeiro quando dói
Destrói o orgulho e lembra dos detalhes que permearam a razão
Perdão, mas ela se manteve à distância e dormimos com a utopia
Alegria do colo em que as pernas sobraram
Pararam e desceram pelo chão frio
Inebrio o olhar de sentir o frio agora dentro de mim
Fim da quietude da alma que celebrou algo profundo
Oriundo do olhar e lábios que foram mais que rios sem pedras a esmo
Mesmo sem olhos, cega de mim tateando ele em pele vivi
Morri logo quando a distância se fez em sons que sumiram
Partiram e derreteram meus olhos sedentos
Tormentos da pupila dilatada
Empilhada num travesseiro duro de pensamentos que escorreram pela orelha
Ovelha sem pastor
Amor sem dor
Fervor sem paixão
Emoção sem luar
Amar sem ele é o coração ter o mesmo trabalho da língua do mudo
Tudo menos tê-lo longe é o que suplica o peito cheio de esperança
Bonança e petição pela água da sede da alma que ao longe uma cachoeira alcança.