Enxurradas
Depois da chuva...
Quando ainda roncavam os trovões,
e o ar do sul tingia o verde das serras
nós descalços sob a enxurradas e valetões
éramos soberanos no alto de nossas terras.
Depois da chuva...
Não sei porque era sempre fim de tarde,
a despedir-se sob a nuvem negra, o sol,
provando a existencia e o retorno amanhã,
e enregelados os pés meninos brincando ao arrebol.
Depois da chuva...
Depois dos barquinhos na água suja abaixo,
calções e camisetas enxarcados de brincadeira,
a voz gritada da mãe chama para o banho quente,
o arco-iris fica, emoldurando a barrenta cachoeira.
Depois da chuva...
Ao silenciarem os trovões no crepúsculo,
exausto vai o dia, agora noite, sob o luar repousar,
e nós meninos de corpos minúsculos,
adormecemos para em surreais enxurradas navegar!
Malgaxe