Dor de mãe
Ela olha o prato de comida e se odeia...
Por sentir fome,
Nutrir desejos,
Por ter um corpo que exige repouso.
Ainda deve lavar-se,
Vestir-se,
Despir-se,
Aconchegar-se no colo.
Mas tudo que desejaria
Era eternizar a dor
Olha a foto na estante,
Felicidade congelada no tempo
Tão perto
Enquanto caminha distante,
Sobra-lhe a dor da perda.
Levanta do seu lugar à mesa
Passeia pelo quarto vazio
Não mais um quarto...
Um santuário.
Apaziguada na sua dor
Retorna à mesa
Põe-se a comer.
À sua frente
Um cálice
Transbordante de lágrimas.