Dor de mãe

Ela olha o prato de comida e se odeia...

Por sentir fome,

Nutrir desejos,

Por ter um corpo que exige repouso.

Ainda deve lavar-se,

Vestir-se,

Despir-se,

Aconchegar-se no colo.

Mas tudo que desejaria

Era eternizar a dor

Olha a foto na estante,

Felicidade congelada no tempo

Tão perto

Enquanto caminha distante,

Sobra-lhe a dor da perda.

Levanta do seu lugar à mesa

Passeia pelo quarto vazio

Não mais um quarto...

Um santuário.

Apaziguada na sua dor

Retorna à mesa

Põe-se a comer.

À sua frente

Um cálice

Transbordante de lágrimas.

Marcelo FAS
Enviado por Marcelo FAS em 09/08/2010
Reeditado em 11/05/2012
Código do texto: T2428105
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