O Menino da Roça
Cresceu trabalhando no campo,
Carpindo, roçando e plantando,
Com pai, a mãe, irmãs e irmãos.
Cresceu como qualquer menino do interior.
Na roça plantava sonhos,
E da vida colheu, o amor.
O sol no corpo ardia,
A poeira a pele cobria,
Porém havia união,
O cansaço não percebia,
A enxada, a foice e os irmãos.
Na noite a lamparina ardia,
A lua e as estrelas sorriam,
Da fresta da casa, o jardim se via.
O galo e os passarinhos
Eram os despertadores,
O pai um grande violeiro,
Um homem trabalhador,
A mãe, a deusa do lar.
Um rancho de chão batido,
Cobertura de tabuinha,
Cercada de coqueiro.
Aos domingos à missa,
Jogos de bets e bola,
Banho de rio,
Pitanga, jabuticaba, gabiroba e amora.
Veio à cidade. Doce ilusão!
Estudou nova profissão,
A saudade está ao seu lado,
Hoje é professor, aprendiz de escritor,
Sonhador e advogado.
Mas, com sinceridade,
Tudo daria na vida,
Para voltar ao seu passado.
Ouvir o cantar do monjolo,
O ranger do engenho de cana,
E adormecer com a melodia,
Do cair das águas da cachoeira.
Sentir o cheiro da mata.
Oh, Deus! Está saudade,
Mata.
22/07/10