DE VOLTA PARA CASA

Ah! Que saudade eu tenho da casa onde vivo naquela cidade...

O Sol lá não se põe no Ocaso nem se despede a Lua calada, e no plenilúnio vespertino onde a vejo perdida, eu sorrio infante, do seu alicerce avençado e fulcro...

Os pássaros adejam, voejando felizes, e a aurora não existe mais. Ah! Que saudade dos seus portos etéreos, dos céus anis e nunca cinéreos, onde as flores resplandecem no orvalho das manhãs.

Dardejante em seu ruflar alado, em seus olhos de viajante calado, paira como estrela da manhã qual um brilho almejado, que se esparge no sorriso dos céus.

Todo suplício invade meu caminho; a estrada é árdua em seu íngreme traspassar, mas as flores da relva exalam tal qual mel, o eflúvio doce do perfume de cada alvorecer.

Ó noite que invade meu corpo, ó tristeza que amedronta meus dias, ó esperança que foge de mim...

As rosas são belas, mas carregam espinhos, o Sol é bonito, porém me deixa cansado, e a chuva refresca, mas me deixa molhado.

Destarte, vou passeando pelos jardins, osculando-me dos seus passaportes, pois o Sol me bronzeia, eis que ando vagueando e quem amo fulgura como panícula de alquena florescida nas vinhas de Engade.

“Sobe, sobe, pois o nardo exala a sua fragrância e de verdor é feito o nosso leito, de cedro as vigas de nossa casinha, de cipreste o nosso teto...”.

Sim, eu subirei a encontrar-te, pois tenho saudade do teu amor, pois tenho saudade da minha casa, e ainda que chore pelo caminho, não me importarei; a rua é íngreme, mas sou tal qual narciso da planície.

Ah! Que saudade eu tenho da casa onde vivo naquela cidade...

É como a macieira entre plantas agrestes e lá a chuva não me molhará, o Sol não queimará e as flores me envolverão no álacre frescor do meio-dia.

Ah! Que saudade eu tenho...