Relíquias

O suave tom da viola, um prosaico canto de pássaros no bosque, o sempiterno ritmado quebrar de ondas do mar,

Teu jeito leve de deusa profana, o mirar enviesado de teus noturnos olhos semicerrados;

Uma música qualquer a tocar numa solitária tarde de Julho - nós dois, ébrios, a dançar de rosto colado.

São lembrares guardados que tornam tua ausência mais dolorida - são noites geladas que não querem findar.

Não esqueço nossa maneira de passear de mãos dadas, de brincar como crianças na cama, tu de pijamas, sem sono, linda como uma superstar;

Relíquias devolutas de tempos de outrora, de um término de amor fora de hora; um não querer perguntar, outro não querer responder.

Hoje te vejo em meus sonhos, a acompanhar meu dormir sem sossego, a relembrar o teu último beijo em minha boca insistente a arder.

Com o meu corpo em chamas, te prometo demandas insanas esquecer: direi que te amo mil vezes - assim que em teu leito outra vez me deitar.

Ler uma poesia a dois, partilhar da lembrança de um livro já lido, até mesmo aquela conversa despretensiosa antes de dormir, são momentos que para mim tem muita importância, que me fazem amar mais ainda a pessoa que comigo partilhou de tão valiosas relíquias. São momentos tão simples como os descritos acima que tornam a vida a dois tão preciosa - tão impossível de esquecer.

Cidade dos Sonhos, noite de Domingo, meados de Julho de 2010

João Bosco

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 18/07/2010
Reeditado em 26/09/2010
Código do texto: T2385781
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