Repúdio ao silêncio

Odeio o silêncio fúnebre

Das necrópoles...

Fizeste dos meus ouvidos

Alcovas dos teus desejos

Meras covas...

De teus libidinosos dejetos

E agora, sepulcro... cemitério...

Odeio esse teu silêncio tolo

Que invade meus poros todos...

Tua voz em meus ouvidos... calada

Em meus sentidos, acordada...

Ah ensurdecedora madrugada,

Como aquietar essa tua mudez

Que em minh’alma grita

Clama teu nome... teu amor suscita

Preciso acalmar meu peito

Meu coração miúdo... talvez

Para ti... inaudível súplica

Apelo diminuto... não atendes

Quanta estupidez...

Ouvidos moucos!

Por favor minh’alma,

Silencia... aquieta, acalma...

Não sei se terei forças

Para manter-me atenta

Até que tua voz ouça outra vez

Então, vou cantar um canto...

Disfarçar meu pranto

Para não gritar teu nome

E perder o que resta

De minha parca lucidez...

Gelci Agne
Enviado por Gelci Agne em 17/07/2010
Reeditado em 18/07/2010
Código do texto: T2383997
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