Repúdio ao silêncio
Odeio o silêncio fúnebre
Das necrópoles...
Fizeste dos meus ouvidos
Alcovas dos teus desejos
Meras covas...
De teus libidinosos dejetos
E agora, sepulcro... cemitério...
Odeio esse teu silêncio tolo
Que invade meus poros todos...
Tua voz em meus ouvidos... calada
Em meus sentidos, acordada...
Ah ensurdecedora madrugada,
Como aquietar essa tua mudez
Que em minh’alma grita
Clama teu nome... teu amor suscita
Preciso acalmar meu peito
Meu coração miúdo... talvez
Para ti... inaudível súplica
Apelo diminuto... não atendes
Quanta estupidez...
Ouvidos moucos!
Por favor minh’alma,
Silencia... aquieta, acalma...
Não sei se terei forças
Para manter-me atenta
Até que tua voz ouça outra vez
Então, vou cantar um canto...
Disfarçar meu pranto
Para não gritar teu nome
E perder o que resta
De minha parca lucidez...