Minha boca

Minha boca

Traz as marcas de teus dentes

Doces, afiados e indecentes

Beijos febris que te dei

Minha boca traz a fome de tua língua

Fala rouca, cordas soltas

Vocais notas de aflição

Dedilhadas na ponta da minha língua

Nos dentes que rangem saudades

Incendiárias músicas aquecem

Ecoando acordes nos labirintos de mim

Minha boca, que calada geme

Chama, brada, implora e inflama

Rasga na garganta um trovão e fim

Minha boca sem a tua assim,

trava-se guardando teu beijo

teu sabor, tua loucura e teus desejos

E por fim, se fecha, vira ostra!

emudece, desfalece, e tenta

desesperadamente adormecer

Minha boca sem teu beijo

É um triste riso tímido

ínfimo traço assim...

E assim sendo,

Minha boca sem a tua boca

Se esquece até de mim.

Márcia Poesia de Sá.

Márcia Poesia de Sá
Enviado por Márcia Poesia de Sá em 15/07/2010
Reeditado em 22/01/2014
Código do texto: T2379691
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