PALAVRAS À TOA

Procuro esconder meu medo

Dentro dum casulo que só eu sei

E às vezes bebo lágrimas em segredo

De feridas que não sarei.

Escrevo palavras à toa

A minha mente me implora

Não importa que ainda me doa

Estou de pé, mesmo se o coração chora.

Marcas que nem o tempo apaga

Momentos tristes restos duma realidade

Também fantasias que o meu coração ainda afaga

Coisas quase perdidas em tempo de saudade.

Deste jeito deixo de mim pedaços escritos

Lembranças das quais ainda sou refém

Suspiros me saem do coração, ou até gritos

Sussuros que só eu ouço, mais ninguém!

E se houver um amanhã talvez

Aqui vos conte a todos como foi

Se tumultuoso ou cheio de limpidez

Ou tempo em que o coração bate mas dói.

natalia nuno