SAUDADE
(Socrates Di Lima)


Alimento o meu coração da saudade,
Bebo do cálice da tristeza  que me rodeia.
Sem o mel que adoça a minha vontade,
Curvo-me á realidade que minha alma devaneia.

Pego-me sussurrando,...
Como um insano ás minhas janelas.,
Deixo minhas portas á mercê dos ventos soprando,
Batem como se num vazio, portas sem tramelas...

Ah! que me guardem minhas vontades,
E no ataúde das palavras sagradas me silenciam.,
Há na minha alma um misto de crueldades.
Quando minha alma com meu coração degladiam.

E dos meus olhos cachoeiras despecam.
Rio abaixo levam minhas vontades.,
Impotente não posso retê-las, rechaçam,
Quaisquer tentativas de enganar as saudades.

Alimento minha solidão,
Com as energias da minha opção.,
Que rebeladas, cerceiam minha emoção,
Dando azo á promiscuidade da minha razão.

E como posso corromper esta razão,
Se febril me abato no leito da minha dor.,
Há na minha certeza a dúvida da ilusão,
Que fez-me crer não sentir a perda do amor.

E quando a saudade ataca na ausência forçada,
Não há remédio....
É sentar-me á beira da minha calçada,
E olhar para dentro do meu coração em tédio.

Seguir em frente.
Eis a questão...
Me recuso a deixar-me de repente,
Ser tomado pela vóz da superação.

Não, não posso deixar-me ir..
Sair de mim contra minha própria vontade.,
Não posso me perder sem antes sentir,
Que morta e enterrada está minha felicidade.

Bebo da minha solidão,
A desilusão faz festa dentro de mim.,
Sem motivos, hei de expulsá-las com razão,
Pois, se deixar, elas querem o meu fim.

Eu não sou um homem fraco,
Levanto minha vontade a arder numa noite escura.,
E como um guerreiro de Espartaco,
Bravo, me recolho á minha loucura.

O tempo há de passar.
E sob o manto do Eu só, no tempo esqueci,.,
Por que vivi a plenitude do amar,
Que ora retomo o Eu que no tempo perdi.

Ah! que me dê esperanças o amor,
Para não me entregar á tristeza que me assola.,
Nem ceder, nem aderir a esta dor,
A viver sem rumo, nem amar por esmola.

Recolho-me á tranquilidade do meu ser,
Esperar a tempestada silenciar.,
E das lembranças do meu amor renascer.
Viver sem que este amor eu tenha que apagar.

E o que há de me restar,
Enquanto bate á minha porta a tempestade!  
Senão a felicidade do amor que me restar,
Dentro da minha imortal saudade.

12/07/2010 15:06 - Basillissa
Triste é a saudade , mas, lindo são seus versos. Beijoosss Sócrates =)
Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 12/07/2010
Reeditado em 14/08/2010
Código do texto: T2373194
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