APRISIONADO PELA SAUDADE

Sou um prisioneiro da saudade
Condenado pela recordação
Ruminando entre as grades
No presídio do coração

Batalhando no pensamento
Ruminando velhas lembranças
Revejo, a todo o momento.
A minha saudosa infância

Em cada detalhe que vejo
Exposto na mãe natureza
Tem algo mais que meu desejo
Escritos em cada beleza

Os rastros pelos caminhos
Na fina poeira da estrada
O cântico dos passarinhos
No meio das densas latadas

Uma simples flor de cipó
Numa estaca de cerca
Às vezes coberta de pó
De uma impertinente seca

A branca fumaça em riste
Cobrindo o rosto da lua
Uma coruja a piar triste
Na terra tombada e nua

As belas tardes de setembro
Enfumaçadas como quê
Há... Como me lembro
A bela florada do ipê

São amargas... Mas doces lembranças
Amargas por não voltar mais
Doces por ser meu mundo criança
Curtindo o amor de meus pais

E assim vou levando a vida
Entre uma e outra recordação
com uma saudade remoída
Arrochando-me o coração!


 Obs: ( foto com meus pais comemorando meus sesseta anos)



 
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 06/07/2010
Reeditado em 15/09/2021
Código do texto: T2361223
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