SOMBRAS E SOBRAS DE MIM
(Sócrates Di Lima)
Nas sombras das flores em meu jardim,
Um olhar de girassol que nunca vi,
E na folhagem da minha alma, nada sobrou de mim,
Tudo sobrou de ti.
De mim em ti, sobrou a vontade,
Sobrou aquilo que ainda não fiz.,
Um mundo de saudade,
Que invade o espaço que eu nunca quis.
De ti em mim, sobrou os medos,
Sobrou uma estrela brilhando em minha mão.,
Sobrou o alcance da luz dos meus segredos,
Que esvaziou meu coração.
Nas sombras das minhas sobras,
Sobrou uma pontinha de tristeza no coração.,
E antes que ela me faça em dobras,
Recolho-me nas sobras da minha imaginação.
E quando olho a Lua se espalhar na calçada,
Uma noite vazia escurece minha visão.,
A saudade da minha amada,
Sobra por demais no meu coração.
Ah! Quando amanhece o dia.
Eu busco e me abro na minha alegria.,
DE sentir saudade por demasia,
Por derramar-me nas lembranças que meu coração sentia.
Lembranças de sentarmos ao beiral de uma mureta,
E ao meio da noite olhar a Lua em prata.,
Estrelas figurantes como sobras de um cometa,
Coadjuvantes da chuva de prata que me sobressalta.
E não há razão para chorar sozinho,
E nem para sorrir assim.,
Razão há, para sentir-me passarinho,
Remontando em galhos, as sombras de mim.