BEIJO GÉLIDO

Ao Tio Zuna

O vento veio forte,

Na madrugada acordou a casa

E não teve a menor compaixão.

Chegou com sua algidez tenebrosa

Não bateu à porta, entrou sem permissão.

Seus lábios estavam gelados

Sua presença era pouco bem-vinda

Adentrou a casa, como sendo um ladrão.

Na calada da noite veio o vento

Mas nem todos estavam em casa

E nem puderam ver a tragédia

Um último abraço, um aperto de mão

Nem todos presenciaram o desastre.

Então o choro, o medo, o desespero

Batidas cada vez mais fortes do coração.

Veio o vento forte sem piedade

Estraçalhando sonhos e vontades

Quebrando o riso e a alegria

E toda a vida de até então.

Veio o vento com seu beijo gélido

Colocando uma família inteira

Com o coração partido, sofrendo, na mão.

Francisco Wilson Dias Miranda

Poema participante da ANTOLOGIA DIGITAL "SACIEDADE DOS POETAS VIVOS - VOL. X", pela Editora Blocos Online.

FW DIAS MIRANDA
Enviado por FW DIAS MIRANDA em 18/06/2010
Reeditado em 18/06/2010
Código do texto: T2327074
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