BEIJO GÉLIDO
Ao Tio Zuna
O vento veio forte,
Na madrugada acordou a casa
E não teve a menor compaixão.
Chegou com sua algidez tenebrosa
Não bateu à porta, entrou sem permissão.
Seus lábios estavam gelados
Sua presença era pouco bem-vinda
Adentrou a casa, como sendo um ladrão.
Na calada da noite veio o vento
Mas nem todos estavam em casa
E nem puderam ver a tragédia
Um último abraço, um aperto de mão
Nem todos presenciaram o desastre.
Então o choro, o medo, o desespero
Batidas cada vez mais fortes do coração.
Veio o vento forte sem piedade
Estraçalhando sonhos e vontades
Quebrando o riso e a alegria
E toda a vida de até então.
Veio o vento com seu beijo gélido
Colocando uma família inteira
Com o coração partido, sofrendo, na mão.
Francisco Wilson Dias Miranda
Poema participante da ANTOLOGIA DIGITAL "SACIEDADE DOS POETAS VIVOS - VOL. X", pela Editora Blocos Online.