Cinzas...

Por onde será que anda

essa mulher do meu destino,

entre a razão e o desatino

de pobre gosto desiludido...

Brincou a roda da ciranda

com o meu desejo urgente,

meu pensamento indecente

e um lindo sonho esquecido.

Nas cinzas de meu passado

é o sabor do passo errado

com o ardor da brasa viva...

Da imagem tênue e fugidia,

a dúbia certeza da evasiva

de quem podia e não queria.

Ateou fogo e atiçou a chama

que só resiste em quem ama

mas, sem razão e sem motivo

esqueceu que o amor é vivo:

deixou-me um frasco de ciúme,

enfeitiçado resto de perfume,

uma taça cheia de nostalgia,

um cálice meado de analgesia

que me curasse mágoas, talvez.

Porém, sem que pudesse prever

os resultados do que isso fez

deixou por opção e por vontade

um copo repleto de saudade

que eu nunca pude beber...

Joscarlo
Enviado por Joscarlo em 17/06/2010
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