Cinzas...
Por onde será que anda
essa mulher do meu destino,
entre a razão e o desatino
de pobre gosto desiludido...
Brincou a roda da ciranda
com o meu desejo urgente,
meu pensamento indecente
e um lindo sonho esquecido.
Nas cinzas de meu passado
é o sabor do passo errado
com o ardor da brasa viva...
Da imagem tênue e fugidia,
a dúbia certeza da evasiva
de quem podia e não queria.
Ateou fogo e atiçou a chama
que só resiste em quem ama
mas, sem razão e sem motivo
esqueceu que o amor é vivo:
deixou-me um frasco de ciúme,
enfeitiçado resto de perfume,
uma taça cheia de nostalgia,
um cálice meado de analgesia
que me curasse mágoas, talvez.
Porém, sem que pudesse prever
os resultados do que isso fez
deixou por opção e por vontade
um copo repleto de saudade
que eu nunca pude beber...