Chama de um calendário
Gosto de sal,
No vento leve que tocava,
Fazia em desalinho seu cabelo.
Gosto de sal no primeiro encontro,
No instante que as bocas se fizeram,
Tornaram-se beijo.
Sabor leve de vento,
No sal de nossas bocas,
Na gota de amor pendida,
Pausada foi retida,
Desabrochando nas mãos o fato,
Seguido, cercado pelo ato,
De toques em toques, sonorizar,
Repercutir na pele amada
Ainda no gosto de sal
O beijo anterior, liberta da palidez,
Do momento primeiro.
Fitas cercavam os cabelos,
Nas pérolas de um só, um só riso,
O primeiro lastro das reservas,
Da grande saudade que viria.
Sem querer saber o sabor sombrio,
Subestimamos o tempo,
Lá fora, o vento leve, pesa,
Carrega sabores de sal, já sem sorrisos
Nos cabelos as fitas enlaçam a perda.
Flutuam apenas sombrias
As gotas pendidas de amor foram ao solo,
Rolam pedras duras.
Só a lembrança fica
Ao encontro da saudade no ocaso,
Mais um crepúsculo, menos um dia.