Chuva...

Não sei se chamo de saudade,

Este pequeno frasco de lembrança

Na tão louca e grande vontade,

De passear por uma a uma em cada trança.

Também não sei se há equilíbrio,

Na estreita visão que retorna,

Do corpo estendido, imerso

Na lúgubre e fria madorna.

Mas, diante de ti cá me posto

Pauta sensível latente

Tentando contrair num repente

Toda nobreza que fica, soa, nos une.

Posso chamar de distância,

Esta saudade, quando estavas tão perto,

Perto da chuva que molhou meus vocábulos,

Do sol que fez árida minha pele,

Da lágrima que enxugou minha dor,

Tão perto da tarde que trouxe,

Sem que a vida percebesse

Razões nas transas pelas tranças

Tão afeitas as minhas lembranças,

Neste tudo que devo chamar de saudade.