Transeuntes do tempo

Ainda ontem fostes,

Como fui um prato degustado pela solidão.

De nossas entranhas,

Saltavam tardes frias,

Noites sombrias,

Idas e vindas pelo inverno.

Ainda ontem fui,

Fui como fostes

Transeunte das ruas repletas,

Soletrando luminosos,

Cativando olhares imperceptíveis,

Que nada desvendavam,

No vazio, na inquietude

No espaço riscado que a juventude

Ainda se fazia presente

Presente longe de tanta ausência.

E pensar que fomos,

Seguimos juntos, passageiros,

Viajantes da mesma bagagem,

Sem saber que éramos convergentes,

Que tocaríamos o mesmo ponto,

Naquele segundo, no minuto que fez a hora,

Na raiada aurora de sempre... Sempre.