Vindita

São os poemas que brotam em sangue,

Nas nuvens cinzentas,

Águas turbulentas,

Devastando solo agreste.

São as lutas que faço às escuras,

Buscando repouso nas venturas,

Transcrevendo versos na saudade.

E em cada gota de sangue derramado,

Coberta pelo pó nem a metade,

De tanto que tinta a terra.

Na fúria o látego repassado,

Feri, inflama a alma em veneno,

Corpo felino suplica descanso

Ah, vida crua, vadia, nua

Esquina quieta, sombria rua,

Pedaço de mim que se foi, se esconde,

Cobre de vento, pó da estrada,

Disfarça ávida, à hora retarda,

Mistério, segredo vem não sei de onde,

Coibindo anseios, refreando desejos,

Abraçando vazios,

Fazendo medo na coragem perdida.

São tópicos lunares, tímidas fantasias,

Dispondo saudades, fazendo folias,

Para encobrir o rosto sangrento,

Ferido, ilegítimo castigo,

Legado e amor, solitude e sofrimento.