Seringueiro
Num documentário qualquer, há tanto tempo . . .
lá estava o velho sertanejo.
Seringueiro do mato. Comido pela selva.
Desossado pela vida.
Eu tinha pouco mais de uma década
e vi com assombro que o velho matuto
tocava a rebeca com os olhos fechados.
Nele eu percebi a sensibilidade que a miséria deixara-lhe de troco.
Tão brasileiro quanto eu. Ou mais.
Viveu a selva que eu não vivi. Sentiu a pobreza como a que eu vi.
Mas eu, velho, não tive rebeca.
Saudade de quê, velho? Do Brasil que tinha selva?
Do Brasil que ao toque da rebeca deixava o sentimento sair?
Velho da seringueira e da rebeca, a tua saudade de que não sei
eu acho que herdei.
Num documentário qualquer, há tanto tempo . . .
lá estava o velho sertanejo.
Seringueiro do mato. Comido pela selva.
Desossado pela vida.
Eu tinha pouco mais de uma década
e vi com assombro que o velho matuto
tocava a rebeca com os olhos fechados.
Nele eu percebi a sensibilidade que a miséria deixara-lhe de troco.
Tão brasileiro quanto eu. Ou mais.
Viveu a selva que eu não vivi. Sentiu a pobreza como a que eu vi.
Mas eu, velho, não tive rebeca.
Saudade de quê, velho? Do Brasil que tinha selva?
Do Brasil que ao toque da rebeca deixava o sentimento sair?
Velho da seringueira e da rebeca, a tua saudade de que não sei
eu acho que herdei.