NÁUFRAGO DE MIM...
Sinto
O sol que arde;
Não sei se é cedo,
Não sei se é tarde.
Tenho fome,
Há tantos peixes,
Não tenho rede;
Há tanta água,
São minhas lágrimas,
E eu... Com sede.
Plana meu barco,
Escravo das ondas,
Olhos pras águas,
Olho pro céu... Rezo,
Mas, temo;
Estou sem força,
Perdi meus remos.
Sinto,
Do amor, a dor;
O espinho da flor,
Do teu carinho,
Ainda, o calor.
Sinto tonturas,
Da maresia, este revés;
Onde foi a terra,
Que sustentava,
Meus pobres pés?
Sinto, da terra firme,
O Cheiro da poeira,
Esta saudade;
Oh! Deus,
Daí me força...
Que eu atravesse
Esta tempestade.
Eu sigo,
Eu barco,
A esmo
Nesse mar sem fim;
Eu...
Náufrago de mim.