NO CHÃO DA MEMÓRIA

O poema pinga

Seu pingo de ouro,

Sua gota de orvalho

No chão da memória.

O poeta sonha

Seu sonho insolúvel

A rua onde pisa

Derrubaram as casas

Arrancaram as árvores,

Destruíram as praças

No coreto a banda

Quem a viu tocar?...

As águas do rio

Escorrem serenas

Mas o tempo prossegue

Com força de enchente!

É mister viver

A vida presente

O mundo atropela

Os pés no passado.

Cadê o menino

Que queria crescer?

Será este velho

Que quer ser menino?

Um verso divino

Aplaca o sofrer;

O amor é eterno

E efêmero é o ser!

(ANTONIO COSTTA)