Paixão em cores
O oceano me parecia um gigante,
Azul, muito azul,
Vestindo na roda saia um amarelo,
Creme, quase um sorvete
Esquecido e meio a tanta areia.
Foi meu encontro primeiro,
Que faz do azul um lago nos olhos,
Neste olhar que para minha voz,
Que encontra a emoção gritante,
Querendo saltar pela boca,
Sacudindo o peito que navega
Nas ondas bravias da paixão.
Fica no ar uma mistura de segredo,
Mistério que encontra o medo,
Alheio a coragem de amar,
De falar pela voz,
Esquecendo que os olhos já contaram,
Desmentindo o que escondo,
Tudo que nego,
Relegando ao infinito meu desejo,
Machucado o sombrio estar,
O desejo de só quando vejo o azul,
Que fala do encontro relembra o mar,
Que é bem mais terno e sereno
Que tudo que explode neste peito,
Cheio, coberto de vida, de encontros,
Quase sempre na penumbra,
Ofuscado pela natureza de querer,
De tentar absorver palavras
Que profanam o silêncio
Indo sempre, sempre ao encontro,
Ao ponto que a solidão permanece,
Deleita-se frente a frente ao espelho
Na imagem gravada
A pobre figura de quem vive
Imbuído pelos sonhos.