SOLFEJO SAUDADE
SOLFEJO SAUDADE
(Genaura Tormin)
Nasci entre o arvoredo
E a cantiga da cascata.
O céu estrelado
Tecia formas luminosas,
Na tela espalmada,
Do terreiro de minha casa.
Sem berço e sem guarida,
Eu me sentia tão querida.
Naquele palco, a lua matreira
E a sinfonia da natureza,
Estampavam-se em flores,
Nas cores do amanhecer.
Quanta beleza!
No colo da noite,
Hoje adormeço.
Sou fruto do açoite,
Dos pedregulhos da vida.
Por cobertor,
Tenho os restos de madrugada.
Para não chorar,
Crio metáforas,
Relembrando da felicidade
Que abandonei à margem da estrada.
Solfejo saudade!
Sou prisioneira de minha teia,
Numa masmorra fria,
Chamada cidade!