Espera
Vem, vem colar seu colar em meu peito,
Anelar seus cabelos aos meus.
Enquanto rolo meus lábios aos seus.
Vem, vem sorrir na boca que te fala,
Esconder seus segredos entre meus braços,
Debruçar sua pele na minha
Dormitar sobre nossos cansaços.
Vem, vem trazer todo azul,
Faça reflexos em meu lago,
E a beira de tantos afagos.
Ceda ao amor que carrego no peito.
Vem, vem trocar de passos comigo,
Nesta dança que finda a noite,
Quero ficar tímido, sem jeito
Castelo aberto, dócil amigo.
Vem, vem a mim, se delata,
Quero envaidecer na cascata,
Profanar o silêncio restante,
Gritar, gritar que sou amante,
Enquanto ficarás imorredoura
Pelos azuis poemas dos seus olhos,
Vem, vem que o tempo não cessa,
Esqueça o verso, a promessa,
Os dogmas, doutrinas, itinerários,
Façamos o feito copiosamente
Deixe que vingue a semente,
Menina festa para outros cenários.
Vem, vem forma paradoxo,
Paralela sem confluência,
Quero o encontro, a reverência,
Quero viver, viver por mais ninguém,
Por isso a súplica suscita a vinda,
Espero-te... Vem, vem!