Hoje tirei para ouvir música
e passear pelos caminhos
que há muito o tempo encerrou
no ermo do meu ser.
Passei por cachoeiras,
por goiabeiras e paisagens
que pensei não existirem mais.
Tudo está lá: o clima é triste a cada curva,
é alegre em outras esquinas,
tem a coloração de borboletas da infância
e sabor de manga madura
roubada do quintal da escola.
Estive em cada ponte
de onde jogávamos pedras no rio
e banhávamos nossos pés.
Te encontrei também!
Voltar no tempo oferece riscos
que arranham nossa carne
como espinho de amoreira
que cutuca além da derme.
Mas foi bom.
Tinham pássaros nos quintais,
tinham quintais e meninos brincando
brincadeiras de crianças.
Passei pela "venda" do seu Tião,
comprei bala de hortelã
e saí mastigando estrada adentro.
Voltei! Acordei!
No corpo a sensação do abraço
dos amigos que não vejo mais,
na cabeça uma confusão perturbadora
do real e do irreal
e na minha boca seca
o frescor saboroso do hortelã!
Mas como?

E aí os meus lábios se abriram

Numa fenda de luz

Por onde vazou um sorriso mudo

E cheio de felicidade! 

luznaentradadotunel
Enviado por luznaentradadotunel em 25/05/2010
Reeditado em 26/05/2010
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