A CRUZ DO ZÉ DA ROSA

A Cruz...

Na luz fria do dia, o seu corpo entre as velas.

O silêncio do amanhecer e os pássaros dormentes.

A brisa úmida sussurrando esquecidas lembranças...

O Zé da Rosa!

O corpo sereno. O rosto sereno sob o véu...

O fino véu roçando a sua pele.

A Cruz...

E a luz fria do seu corpo entre as velas.

Castiçais, suportes, coroas... Flores! Coloridas flores.

Rosas, jasmins, margaridas, folhas, ramos e perfume...

Um difuso perfume. Triste. Alegre. Solene.

E a brisa sussurrando esquecidas lembranças...

O Zé da Rosa!

O corpo sereno. O rosto sereno...

E o fino véu roçando a sua pele.

A Cruz...

E a luz do seu corpo entre as velas.

A vida se queimando lentamente...

Cera liquefeita se consome e se doa em seu brilho trepidante.

Ah!... Cheiros, fumaça, odores.. e o silêncio.

O solene Silêncio do amanhecer. E a brisa

Esquecida das lembranças.

O Zé da Rosa!

O corpo sereno. O rosto sereno...

E o véu roçando a sua pele.

A Cruz...

E a Luz... e o seu corpo entre as velas.

Mentes que viajam... Tão distantes... Tão presentes...

Lábios vazios e tão cheios de histórias.

Os olhos lacrimejam o Silêncio

Da profunda escuridão do amanhecer.

E a brisa nas lembranças...

O Zé da Rosa!

O corpo sereno e o rosto sereno roçando a sua pele.

As cruzes...

É dia! E o seu corpo desce à vala.

Em seu leito solitário, ele é deitado.

Os pássaros revoam e o Silêncio, tudo enfim se vê quebrado.

Lágrimas sussurrantes e o coração dilacerado...

O pó cobrindo o pó. E sob o pó, o pó deixado.

As lembranças...

A Rosa sem o Zé!

Entre as coroas e flores, o rosto sereno

No incompreensível momento dessa Terra.

Moses Adam

Poá, Batuíra, ini.1105/2010-11h30