OUTONO

As folhas vão despindo e se soltam,

perdem o viço, amareladas, tristes,

abandonam o berço, hastes nuas,

galhos desnudos que foram floridos,

e a brisa que chega num sussuro,

amontoa restos quase sem brilho,

no entanto macias para neles pisar.

É a estação que sofre mutações,

aguardando o frio que logo virá,

na manhã preguiçosa já com névoas,

e os raios de sól quase não aquecem,

parecendo até ter-se distanciado,

pois no verão bronzeou peles tão macias,

e agora envergonhado quer se ausentar.

Mutação necessária para um recompor,

pois brotos inertes estão se hibernando,

como casulos que escondem as borboletas,

e no frio cortante do inverno rigoroso,

ficam em silêncio para um novo ressurgir,

numa letargia para tirar todas as aparas,

como pragas e insetos irão então morrer.

Outono que traz silêncio nas noites serenas,

é a estação que desperta as saudades,

aquietando vidas que a natureza esconde,

pois seus pássaros também se emudecem,

e os animais travessos dormem nas tocas,

sem os atropêlos da primavera tão florida,

e o verão que desperta então as sonolências.

13-05-2010