Aqueles Três Dias
Um bonde cheio de gente cantando,
e o trocador cobrando sem ninguém pagar.
A batucada de um bloco qualquer
não parece que quer ver ninguém sem sambar.
Cidade enfeitada de alegria,
com a minha fantasia também vou brincar.
A madrugada chegou, mas ninguém,
sem contar os nenéns, com ela foi se deitar.
De mascarado medo já senti,
mas eu dava tudo pra não ver o final
daqueles três dias de alegria
que a gente vivia dentro do Carnaval.
E hoje eu faço força pra pular,
mas só consigo simular. É tudo o que eu sei.
A mascarada de quem eu corria,
mas me divertia, jamais encontrarei.
Eu era pequenino e não sei bem,
aqueles três dias, porém, me fazem recordar:
a garotada contente correndo
e coro fazendo pra cidade cantar.
Rio, 24/12/1966