Saudade é o Amor que Fica
Pássaro preso na gaiola de vento,
goela de lince que enlaça o pensamento,
longe é um ligar que não existe
nos dedos tortos da moça triste
que nem o vermelho da tinta,
nem o rouge,
nem o carmim,
nem a lembrança ausente se desfaz de mim
Trovadores de incelências perjuram donzelas
presas nas torres de castelo,
ou descartadas sobre os jardins do palácio
após o último pontapé na janela.
E loas que se partem no caminhar
não são mais reais que o andor
sustentando o divino
sobre os ombros do homem comum
Sobre todas as crenças, conserva a dúvida.
Sobre todas as dores, permanece atento.
É na esquina da solidão que se oculta o sofrimento.