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Quem me dera se ao menos uma vez,
Teus olhos ardentes fitassem os meus,
Eu em lágrimas beijaria a tua palidez,
E punha meus dedos entre os teus!
Quem me dera se ao menos um dia,
Teus lábios sussurrassem meu nome,
Da morte o hálito virgem eu beijaria,
Na dor que a minha alma se consome!
Quem me dera se ao menos seu olhar
Vagasse nos sonhos a minha procura,
Desta vida eu deixaria todo o pesar,
Para sangrar em santa formosura!
Quem me dera se ao menos a dor,
Fizesse em teu seio brotar o perdão,
Eu em angústia alimento minha flor,
Com os versos saudosos de solidão!
Quem me dera se ao menos o sol
Que cora a sua fronte fria e descorada,
Cantasse com o pequeno rouxinol
Que tu foste a minha mulher amada!
Quem me dera se ao menos o vento,
Acariciasse teu corpo com carinho,
Veria a mim apenas por um momento,
Vagueando pelo universo sozinho...
Quem me dera se ao menos o luar,
Implorasse ao destino o meu viver,
Eu de braços abertos a veria voltar
E na noite de veraneio feliz morrer!...