Está chovendo
Cai o véu da saudade sob o meu corpo,
o céu branco e cinza,
nunca mais houve crepúsculo,
por causa do inverno no meu peito.
Não há sintonia entre as nuvens hoje,
umas vão outras vem,
outras apáticas me olham
e reparam na minha tristeza.
As vezes quando elas se tornam uma só
me causam inveja.
Queria ser uma só no universo
sem que houvessem as outras.
Acho que vai chover
quando imagino tua falta de desejo.
Choro.
E ainda acho que vai chover.
Que saudade do crepúsculo que me tomava nos braços
todas as tardes,
e me tingia com suas cores,
me esquentava, assim, devagarinho
pra eu não me queimar.
Por que não vens e me arrebatas daqui?
Não há passado.
Não há mais cores.
Onde foram todas elas?
Que dia cinzento.
Por que vim parar aqui,
se te amo tanto?
Por que tem que ser assim?
Começou a chover.