Atônito olhar atento e inquieto no espelho
Tem uma pipa branca no fundo azul do céu
Tem um sol que tinge de vermelho o horizonte
A lua branca prateando alta a escura noite
Aquela multidão de tão distantes estrelas
Olhares de luz tão incrivelmente vivas
Esse doce e tão encantador mistério
A vida um nada tão singelo de se olhar
O perfume no ar de uma certa dama da noite
Esse tremendo salto mágico no insondável tempo
Saudade de tudo como era  antes, exatamente
Aquele beijo que por medo não lhe roubei
Figurando num triste poema que não escrevi
E aquele olhar revelador que a muito custo evitei
Mal disfarçaram toda a terna emoção que senti
Lembra das noites em volta da fogueira?
Tão difícil era estar tão perto assim de ti
E aquele descompasso no coração, nem sei
Se achava que já era amor o que era paixão
Se imaginava mesmo que duraria para todo sempre
Nosso mundo todo aquela pequena ruazinha
Cheia de encantos e desencantos que nunca esqueci
Meus cadernos de escola povoados de desenhos
Dentre os quais distraidamente rabiscava seu nome
Minhas viagens aventureiras para as mil e uma noites
Aquela nossa doce infância enfeitada de ilusão...
Hoje, no espelho, os meus olhos cansados
Perguntam que mágica é que fez esse velho poeta
Para viver agora a vida daquele menino...

(Poesia On Line, em 06/05/2010)
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 06/05/2010
Reeditado em 08/08/2021
Código do texto: T2239863
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