Antigos sim!
Perdida em um mundo que não conheço.
Me pego a pensar e lembrar-me de épocas que não poderei esperar.
Em uma sessão nostálgica, me recordo enfim.
Das músicas de sucesso que ali tocavam, nas vitrolas de algum salão, armazém ou botequim.
Minha emoção misturava-se com a embriaguez das melodias melancólicas e de toda simplicidade que naquele lugar havia.
A passear pelas praças, podia ver os casais enamorados a se encantar pela magnitude da Lua e das estrelas no céu tão disponível a brilhar.
Ao amanhecer, crianças brincavam nas ruas, trazendo consigo os peões de madeira e suas bonecas de pano.
Conhecia á todos e me preocupava realmente com seus problemas.
Ao andar, desviava-me para que as charretes e animais pudessem passar.
Cantarolava as canções que gostava, e não me chamavam de velha ou arcaica.
Aos domingos ia à igreja na praça tão bem localizada, e após a celebração aguardava ansiosa observar, aquele que com certeza mais tarde me desposará.
Mas infelizmente o sonho acabou e tudo que vivera, fazia parte de um lindo desejo utópico, de uma época que não poderei usufruir.
O mundo é outro, as pessoas não se importam.
Aquelas músicas são bregas.
As pessoas não me conhecem e não se importam.
As praças estão destruídas.
Os casais já não existem, as igrejas estão vazias e a inocência das crianças, hoje e considerada burrice.
Pagamos um preço muito alto pela modernidade, perdemos nossa humanidade.
Entre esses e outros motivos não me importo e ouço com orgulho quando alguma mente desprivilegiada me chama de antiquada.
Embora jovem aprendi, a apreciar e herdei deles, os antigos, essas lembranças infindáveis.
Enquanto isso tentarei me adaptar, infelizmente não posso voltar, e aquele sonho não poderei viver.
Mas ainda me restam algumas opções.
Os vinis perdidos pelos brechós.
E mesmo que para o interior tenha que me mudar, o céu novamente poderei contemplar.
A lua novamente me encantará.
Nas praças poderei passear.
Aquele que me desposará, com certeza mais um admirador dos bons tempos será.
A candura de meus filhos poderei conservar.
E o mínimo, bem menos que gostaria, desse tempo poderei resgatar