Nascem-me saudades

Nascem-me saudades

nas horas mortas

à porta de casas velhas

onde um dia brinquei

em ruas onde um dia corri

de amigos que perdi

na correria dos dias

loucos.

Nascem-me saudades

ao olhar ao redor

a perscrutar lá longe

o voo dos pássaros

o latir dos cães

o silencioso escurecer do dia

quando o sol se deita

de mansinho

na orla do horizonte.

Nascem-me saudades

ao olhar a minha sombra

escrita no chão

horizontal e muda

onde não descubro o bater

do coração

mas apenas o contorno rude

da volumetria que sou.

Nascem-me saudades

de ser outra vez menino!

Por certo tomaria a tua mão

e iria por ela e com ela

até aos confins do sonho

na realidade crua dos dias

sem regresso!

Restam-me as saudades,

esta secura na boca

e este embargo na voz!

E o futuro apesar de tudo!

Em 05.Mai.2010, pelas 13h00

PC

PC Poetry
Enviado por PC Poetry em 05/05/2010
Reeditado em 13/07/2010
Código do texto: T2238282
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