Êxtase

Neste silêncio que viaja,

Quebrando a própria quietude da noite,

De leve pego carona,

Fazendo meu trânsito à algures,

Paisagens que hão de encontrar,

Bordar toda poesia que tento rabiscar.

Meu rosto brilha,

Seu olhar cintila,

Espelhados, espalhamos nuvens,

Dengosas formações do que fomos,

Imensa sinfonia de rouxinóis,

Festim de folias,

Emoldurando de boca em boca,

O beijo aberto ao pecado,

Divino dom de pecar na pureza,

Na coerente conjugação dos corpos,

Fluente toque dos seios no peito,

Frente a frente ao silêncio.

Voa linha do pensamento,

Habita o dorso do vento,

Carrega meu segredo até o mistério dela,

Embala o sono, faça o sonho,

Cative o bem cultivado,

Que um dia, um dia próximo ao meu

Tempo que faz uma vida,

Saibamos que existimos,

Mas, só se houver uma conjugação

De pensamentos e de nossos corpos.