Quero voltar como voltam as andorinhas

Ó minha infância querida!

Te bendigo nesta poesia,

ausência sentida

dos meus dias que ficaram...

Sol e campos verdes,

coqueiros, cerejeiras a

beira do riacho que me viram nascer.

Onde está meu primeiro amor?

Não ouço mais o palpitar do

teu coração!

Esta saudade me alucina,

lembrança de um passado

lindo como a flor da primavera.

Quem me dera ver de novo

os guamirins, as pitangueiras,

os lírios e as vertentes

de águas cristalinas.

As mangueiras onde eu

amansava os potros xucros,

corria carreira na cancha reta.

Vi o velho Atanásio já caduco

da cor das cinzas do fogo de chão,

com a panela no gancho.

Partiu desta vida com

cento e dois anos.

Aos domingos encilhava meu alazão,

saía à procura da moça morena

que encantava os meus fins de semana.

Sinto um vazio no meu peito

quando me lembro do ronco

da gaita de oito baixos,

no fundo do rincão,

num capão de mato

na casa do Malaquias.

Moças lindas como eu

nunca mais vi!

Quero voltar,

é um desejo que a minha

alma sente de abraçar-te eternamente.

Helmuth da Rocha
Enviado por Helmuth da Rocha em 03/05/2010
Código do texto: T2235588