Quero voltar como voltam as andorinhas
Ó minha infância querida!
Te bendigo nesta poesia,
ausência sentida
dos meus dias que ficaram...
Sol e campos verdes,
coqueiros, cerejeiras a
beira do riacho que me viram nascer.
Onde está meu primeiro amor?
Não ouço mais o palpitar do
teu coração!
Esta saudade me alucina,
lembrança de um passado
lindo como a flor da primavera.
Quem me dera ver de novo
os guamirins, as pitangueiras,
os lírios e as vertentes
de águas cristalinas.
As mangueiras onde eu
amansava os potros xucros,
corria carreira na cancha reta.
Vi o velho Atanásio já caduco
da cor das cinzas do fogo de chão,
com a panela no gancho.
Partiu desta vida com
cento e dois anos.
Aos domingos encilhava meu alazão,
saía à procura da moça morena
que encantava os meus fins de semana.
Sinto um vazio no meu peito
quando me lembro do ronco
da gaita de oito baixos,
no fundo do rincão,
num capão de mato
na casa do Malaquias.
Moças lindas como eu
nunca mais vi!
Quero voltar,
é um desejo que a minha
alma sente de abraçar-te eternamente.