A CRIANÇA QUE EU FUI
Ah, dias passados que voam velozes,
que correm ligeiros, que levam nas asas,
os sonhos da gente,
que estão no passado, mas ficam presentes
nas horas caladas.
Os dias risonhos, as tardes dolentes,
as horas mais quentes do sol ao meio dia.
O vento passando, meu rosto queimando,
deixando sua marca, duas rosas pintadas
na face morena.
Que lindas lembranças dos tempos da infancia!
Manhãs tão amenas, a brisa serena
beijando as roseiras ,plantadas, cuidadas,
por mãos de uma fada, que amava o jardim
Criança feliz!
Travessa, inocente, sonhando acordada,
correndo nos campos, descalça, sem medo,
sem qualquer segredo. Cabelos em cachos
caídos nos ombros. Tecia ilusões e mil fantasias,
falava em poesias mas sem escrevê-las.
Corria faceira nas noites de junho,
pulava a fogueira, jogava estrelinhas e não se assustava
com os foguetões. Olhava os balões subindo tão calmos
rasgando a amplidão.
Criança feliz!
Imersa nos sonhos de antigamente.
Cresceu a menina!
Mudou sua sina, os pés já cansados não podem correr.
As curvas se enlaçam nas trilhas da vida e se embaraçam
no longo caminho. Caminho escarpado levou as quimeras
nas asas do vento. Já faz tanto tempo!
Mas ainda me lembro dos tempos de outrora..
Cresceu a menina!
Já não faz sentido correr tão veloz nos campos floridos,
banhar-se no rio e ouvir sua voz.
Passado e presente se juntam no abraço da separação.
O elo cortado acalanta a saudade dos tempo passados
É tudo o que resta. Cresceu a menina!